[TEXTO MARCELO LA FARINA]
Na ativa há muito mais tempo que alguns imaginam, o NX Zero já causava frisson na cena underground antes mesmo de assinar com a “Arsenal/Universal Music”, em 2006. O primeiro disco da banda, “Diálogo” (2004), foi lançado pela gravadora independente “Urubu Recordz” e, acreditem ou não, trazia uma sonoridade mais hardcore e menos pop rock do que músicas quais “Pela Última Vez” ou “Cedo ou Tarde”, que definitivamente firmaram o grupo nas primeiras posições das paradas das rádios e TVs brasileiras.
Em outubro de 2009 chegou “Sete Chaves”, quarto disco de estúdio do NX Zero. E se descartadas faixas como “Confidencial” e “Espero Minha Vez, pode-se dizer que a banda resgatou um tanto das distorções que influenciaram o conjunto no início da carreira. “A gente sempre ouviu hardcore tipo NOFX, Millencolin, Pennywise, No Use For a Name”, conta o guitarrista Fi Ricardo. Quer dizer então que o NX Zero deixou o hardcore de lado para virar pop? “Não é errado dizer isso. Mas na verdade acho que fomos experimentando outras formas de tocar. Nunca deixamos de ouvir e fazer hardcore”, explica.
E recentemente foi lançado o DVD “Multishow Registro: NX Zero – Sete Chaves”, que acompanha a banda durante a exaustiva rotina de shows pelo país afora e mostra imagens exclusivas do processo de gravação (recheado de detalhes) do disco “Sete Chaves” e do clipe “Cartas Para Você”.
Confira abaixo os principais trechos da entrevista do Fi para a Revista Abril:
Sete Chaves
“Acho que o NX resgatou um pouco da sonoridade inicial nesse disco. E o interessante é que não foi uma coisa intencional, saca? A gente foi compondo, montando as linhas de guitarra, baixo, bateria. E quando ouvimos o resultado final pensamos todos juntos: ‘esse som está com uma pegada muito mais hardcore, mais pesada, porradaria mesmo [principalmente “Vício”]! Parece o que fazíamos no começo!’. A gente meio que passeou por outras formas de tocar, fomos descobrindo outras possibilidades… E isso foi muito bom. Deixamos de ser uma banda só de hardcore para ser uma banda que toca pop rock, rock, hardcore. Crescemos como músicos.”
Fãs
“Cara, no DVD a gente até fala disso, é engraçado! No começo nos assustávamos muito com o assédio! Coisa de maluco! Um monte de meninas se descabelando e chorando por nossa causa. A gente ainda não se acostumou com isso [risos]. A verdade é que agora sabemos que isso acontece e espera a bagunça. É incrível, mas sempre tem alguém que sabe onde e quando a gente vai estar; é impossível se hospedar num hotel anonimamente, mesmo com nomes falsos. Para dizer a verdade, a gente se assusta, mas gosta”.
“Temos ciência de que boa parte de nosso público é formado por adolescentes de 14, 15, 16 anos. Mas acho que isso não foi intencional. Fazemos a música do jeito que gostamos e o resultado foi esse. Não sentimos uma carga extra de responsabilidade, como para compor exclusivamente para esse público. Cativamos esse pessoal e achamos isso fantástico, mas tem muito mais gente que curte a banda. É legal quando tocamos em festas de peão, por exemplo; tem gente na plateia que nunca ouviu falar de NX Zero e que acaba sorrindo quando a gente toca. Isso é fantástico”.
Sucesso
“É clichê, mas sucesso é consequência. No momento estamos com tudo, mas pode ser que amanhã a gente pare de aparecer na TV, nas rádios, nas revistas. E confesso que isso não me assusta. O segredo é estar fazendo o que se gosta de fazer, e eu (e o resto dos caras também) gosto é de tocar. Se estiver rolando show, não importa muito estar na TV ou não, entende? Essa superexposição rende uma grana boa, é fato, mas ela pode acabar. E é por isso que a gente se prepara, não torra tudo em besteira. Investimos muito do que ganhamos em nós mesmos, em equipamentos, instrumentos, todos têm casa própria, carro. Espero que não aconteça, mas a fonte pode jorrar menos do que está fazendo agora, saca? Todos têm a cabeça no lugar, não somos malucos”.
“No começo, quando tocávamos no Hangar 110 [tradicional casa de shows underground paulistana] quase todo final de semana, abríamos shows para muitas bandas que curtimos, como o Sugar Kane, por exemplo. E hoje conquistamos um espaço que eles não têm. Mas o legal é que a amizade continua pra valer; eles estão felizes com o nosso sucesso”.
Bom-mocismo
“É simples: a gente não precisa subir ao palco e mostrar que somos beberrões, que falamos palavrão. Gostamos é de tocar. Cada um descobre essas coisas por si mesmo, entende? Não precisamos provar nada para ninguém.”
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